segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Como tudo começou

87 quilos! Sim, senhoras e senhores, 87 é 90-3. Mais três quilinhos e eu chego à casa dos 90. Isso na última vez que tive coragem de me pesar na balança do banheiro. A vida é assim: você, que tem uma barriguinha de tábua em pleno auge metabólico, vai dormir seu soninho de beleza e acorda com uma pança amorfa.
Bom, talvez não tenha sido tão de repente assim. Há exatos cinco anos, eu ia para o colégio vestindo duas calças para que ninguém reparasse o quanto eu estava seca. Minhas amigas insistiam para que eu comesse, mas todo aquele stress de pré-vestibulanda, somado ao pior namoro da minha vida, me deixavam absolutamente sem apetite.
Tudo isso me fez chegar à faculdade com uma fome de leão! Vontade de engolir aquela nova vida, novos amigos, novos conhecimentos. Novo amor, lindo, divertido, que amava Coca-Cola e tinha uma família de propaganda de margarina. Precisava de muitos encontros calóricos com as amigas para contar tanta novidade!
E o corpitcho continuava imune aos bombardeios gastronômicos!
Ah, queridas! Chega um dia em que a gente descobre que o mundo é mau. E lá vem mais um pé na bunda, dúvidas existenciais, professores sacanas, crise com a faculdade, colegas fúteis... ai, ai, ai...
Haja Doritos!
Curei minhas mágoas em grande estilo, num país distante. Antes de viajar, tive que me desfazer de todas as calças número 40 que não me serviam mais. Tive que me desfazer de muitas coisas que não tinham nada a ver comigo.
Era fase de experimentar, experimentar, experimentar. Comida exótica, lugares lindos, liberdade, pessoas interessantes. Vontade de engolir o mundo!
Mal cheguei e OPS! Achei o grande amor da minha vida! Coisa boa demais essa felicidade besta, mãos dadas, cochichos, poesias, mensagens... Tanta coisa pra falar, tanta coisa pra contar e haja restaurante grego, chinês, espanhol, alemão, iraniano, baiano, italiano... sem dispensar, é claro, aquele bom café com chantilly, ou aquele gelado, capuccinos, expressos, mochas... Sem esquecer da urgência em levar o outro na sua sorveteria preferida, na pizzaria favorita, no boteco preferido...
Ai, o amor é lindo! Mas a felicidade engorda! Ah, dane-se. Não dá tempo de pensar nessas coisas... me desfiz das calças 42 e deixei a vida me levar.
Mas o tempo passa, e começam as pressões: é preciso trabalhar, estudar, estudar e estudar, é preciso pensar no futuro, correr atrás e correr, correr, correr! Baby, a vida acadêmica é o único lugar em que correr atrás significa passar horas com a bunda sentada na cadeira. Sedentarismo regado a muito café e energético.
Ui, como ela é inteligente! Comecei a ser reconhecida pelos atributos intelectuais. Até pq nessa altura do campeonato, não haviam outros atributos.
Mentira, havia sim: uma barrigona que não se continha dentro da calça. Mas tudo bem, a moda era usar batas. Nada melhor que um pedaço de bolo de chocolate para esquecer daquelas blusinhas do armário que não entravam nem no meu braço.
E assim se passaram os dias, um após o outro, muito stress, pouca disciplina, nenhum exercício, mais café, mais energético, biscoitos de todos os tipos, copos, latas, garrafinhas de refrigerante, sorvete, batata-frita, penne ao pesto, churrasco, ceias de natal, aniversário de criança, casamento, tpm, mais stress, mais indisciplina, compulsão, compulsão, compulsão!

Ué, essa balança só pode estar errada!
87 quilos??????????

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