MARAVILHA

Dia das mulheres. Não me ligo muito em datas e na verdade só me lembrei disso quando sentei em frente ao computador. Não quero entrar no mérito da importância de se comemorar ou não essa data. Mas o apelo emocional/comercial da data me fez  ficar  reflexiva.

Estou cansada de tentar alcançar o padrão Mulher-Maravilha: magra, bonita, inteligente, pós-graduada, mestre em pompoarismo, unhas impecáveis, com tempo para fazer yoga, pilates e ainda estar sempre depilada, financeramente independente, conhecedora de massas e vinhos, esposa compreensiva e melhor mãe do mundo. 

A Mulher-Maravilha nos assombra quando estamos de TPM, com o esmalte descascado, com os calos doendo enquanto gastamos nosso pequeno horário de almoço em uma fila enorme de banco.

Ela nos faz pensar em aceitar um segundo emprego e ganhar dinheiro para fazer todas as plásticas possíveis, faz as morenas se perguntarem porque não são loiras, as loiras se sentirem mal por não serem morenas, as baixinhas invejarem as altas e as altas sonharem em ser baixinhas.  

Ela é tudo ao mesmo tempo e agrada a todos incondicionalmente. Nunca magoa ninguém com um não, é sempre solícita, sorridente e simpática. E quando se dá mal, coisa que raramente acontece, se recompõe em segundos, sem descer do salto nem borrar a maquiagem.

A Mulher-Maravilha tem 7 cabeças e oito braços, que apontam dedos em riste na nossa cara, nos culpando pela lista de compromissos não-cumpridos e pela lista de compras que roda há semanas no fundo da bolsa.

E Deus que me perdoe, mas quero matar e enterrar a Mulher-Maravilha em pleno dia das mulheres. 

Quero me libertar dessas cobranças e simplesmente ser. SER. Sem adjetivos depois, como em ser bonita, ser interessante, ser bem-sucedida. 

O ser enquanto realidade palpável e não uma projeção.  

Mulheres: SEJAM.

ACREDITEM: Ser é o bastante.